Homem chora sim.

Homem não chora, homem não fala sobre sentimentos, meninos muito apegados às mães ficam delicados demais, homem tem que jogar futebol, homem tem que revidar, homem não leva desaforo pra casa, homem não pode ser afeminado, homem tem que pegar mulher, homem resolve os problemas sozinho, homem tem que ser forte.

Chega.

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O feminismo vem sendo um assunto cada vez mais presente nas discussões (ainda bem, graças a Deus, amém!), mas com todo o perdão aos que são contrários, acho que é inútil, imprudente e irracional excluir os homens da luta. Ainda acho e sempre acharei que homens têm inúmeros privilégios em relação às mulheres e isso é outra coisa que precisa ser equilibrada urgentemente. Mas é preciso também criar nossos meninos de forma diferente, é preciso que pais e mães de meninos desconstruam alguns conceitos dentro de casa. O machismo é uma das muitas consequências da criação que damos aos meninos. Meninos criados com conceitos sexistas, acabam abafando muito os sentimentos e um dia o ódio explode. O sexo masculino é a esmagadora maioria entre viciados em drogas, alcoólatras, assassinos, serial killers, atiradores, gangsters, etc. Até o suicídio é mais comum entre homens… Ter que passar a vida provando que é “macho”, provoca níveis de ansiedade e depressão gravíssimos.

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O documentário “The Mask You Live In” (coloquei o trailer ali embaixo) aborda o tema de uma forma muito humana e sensível. A direção é muito boa e os dados são frutos de estudos sobre a criação de meninos nos EUA, mas o conceito se aplica pro geral. É preciso diminuir o espaço entre homens e mulheres, estudos mostram que há aproximadamente 90% de interseção no funcionamento cerebral, sexo não devia nos separar. Gênero é um conceito construído pela sociedade e nos distancia de uma forma extremamente nociva, nós não somos tão diferentes assim. É preciso criar meninos e meninas como humanos antes de tudo. É preciso criar meninos que possam chorar, que se sintam à vontade para falar sobre seus sentimentos. É preciso que as escolas participem ativamente dessa humanização e desconstrução dos conceitos de gênero. O problema do machismo é cultural e é estrutural, é preciso trabalhar na base.

A hiper-feminilização e a hiper-masculinização nos comerciais, nos personagens de TV, nos brinquedos e em tudo que influencia visualmente as crianças está separando meninos de meninas. Está criando e alimentando conceitos tortos sobre gênero que comprovadamente não procedem. É mais que urgente que a gente se desprenda de teorias CAFONAS e passe a assumir a responsabilidade de tudo que falamos, defendemos, ensinamos.

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As crianças são o futuro e é através delas que vamos conseguir mudar o mundo. Assistam esse documentário (tem na Netflix), é muito esclarecedor. Me emocionei muito ao ver adolescentes escrevendo em um papel a máscara que vestiam pra ir à escola e no verso os reais sentimentos que escondiam atrás da máscara. Precisamos deixar que homens e meninos SINTAM, sem que sejam humilhados por isso ou tenham sua masculinidade ameaçada. Somos todos seres humanos e somos feitos de emoções. Eu ainda acredito que essa pressão pra que o menino cresça afirmando sua masculinidade um dia vai aliviar, mas é preciso que todos tomemos consciência.

 Rosseau defendia que homem nasce bom, mas a sociedade é que o corrompe. E eu também realmente acredito que a natureza humana é boa, não vamos estragar nossas crianças, por favor.

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Acabei de assistir: Comet <3

Antes de ontem minha irmã falou “assiste Comet, você vai passar mal”. Ela me conhece, assisti e estou aqui escrevendo minutos depois que o filme acabou e tô arrasada! Arrasada não num mau sentido, eu geralmente fico arrasada depois que assisto filmes que me tocam haha sim, essa é só uma das 93842 coisas estranhas sobre mim. Comet entrou pro hall dos meus filmes preferidos sobre o amor, junto com 500 days of summer, com Like Crazy, com Closer e alguns outros… O amor como ele é! Absolutamente imperfeito e frágil. Mais um filme que mostra que amar não basta.

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Eu já amei o filme antes do play ao ver que era com o Justin Long. AMO Justin Long há anos, desde que ele foi o MAC da campanha MAC x PC que rolou entre 2006 e 2009, algumas pessoas são muito novas pra lembrar, então fica aqui o parênteses pra quem se interessar, é uma das minhas campanhas publicitárias favoritas: nesse link tem todos os 66 vídeos da campanha compilados.

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OK, voltando ao filme! Justin Long é o Dell e Emmy Rossum é Kim, eles se conhecem em uma fila pra assistir uma chuva de meteoros. Ele é um pessimista que não acredita no amor e estava sozinho, ela é aparentemente superficial ao escolher homens, apesar de inteligente, acredita no amor e estava acompanhada. O filme inteiro transita indo e voltando em diversos pontos da relação deles em 6 anos. E a trama vai mostrando a realidade, os pequenos detalhes onde comprometemos o amor, a consequência do que fazemos e não fazemos, do que falamos e do que deixamos de falar. O amor é frágil, uma escolha errada pode causar o arrependimento de uma vida. Apaixonada por mais esse filme sobre o amor torto! ❤ o amor real.

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A fotografia é uma delícia, parece um sonho sempre, um eterno flashback. As cores dão vontade de ficar no filme pra sempre e a trilha sonora é daquelas que dá vontade de dar play e sentar num cantinho pra chorar baixinho. Esse filme ainda não foi lançado no Brasil, eu baixei por torrent e assisti sem legenda, acho que ainda não tem legenda em português, mas a internet é rápida e em breve de estar mais fácil de baixar. Quem não fica muito seguro pra ver em inglês, anota esse filme num papelzinho e procura de novo daqui pouco tempo, mas não deixe de assistir! É demais!

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Beijos, espero que gostem! 🙂

A graça de Frances Ha

 

Frances, 27 anos, aspirante a dançarina. Ela mora em NY e é uma estudante de dança esperando sua oportunidade no espetáculo da escola, mas tem mais vontade que talento. Com os recursos já bem limitados, a melhor amiga com quem dividia o apartamento no Brooklyn, decide sair e deixa Frances na mão e desesperada por um lugar que caiba dentro das suas finanças. Com a vida bem bagunçada, sem muitas perspectivas e com os 30 quase batendo na porta, ela tenta manter o bom humor e a alegria e é impossível não se render ao colorido desse filme inteiro em preto e branco (muito bem dirigido por Noah Baumbach). Pra quem gosta do Adam de GIRLS, ele está no apartamento que Frances vai morar depois de sair do Brooklyn 😉 Greta Gerwig está sensacional como a desestabilizada, imatura e atrapalhada Frances e faz dos seus defeitos suas maiores qualidades, ao final do filme parece que a gente fez uma nova amiga, é uma delícia! Impossível não se apaixonar pela cena dela correndo por NYC ao som de Modern Love do David Bowie. Tem Netflix em casa? Corre que Frances Ha já está lá!

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Assistam e deliciem-se!

 

Pra não deixar de assistir: HER.

Eu tenho a tendência de sempre achar que vou falar algo que todo mundo já sabe e vou fazer papel de boba, mas acho que esse post aqui já vai ter valido a pena se fizer ao menos UMA pessoa ver esse filme. HER  é o décimo sexto filme do Spike Jonze – diretor maravilhoso de filmes que adoro como Quero ser John Malkovich, Adaptação e Onde Vivem os Monstros. O filme é estrelado pelo Joaquin Phoenix que eu já adoro desde que interpretou Johnny Cash em Johnny and June. e pela Scarlett Johansson (que não aparece, apenas empresta a voz para um sistema operacional) que tem todo meu respeito desde esse filme aqui. O filme concorreu a 3 Globos de Ouro e a 5 Oscares e venceu os dois na categoria melhor roteiro.

É a história de Theodore, um escritor solitário que se apaixona pelo novo sistema operacional do seu computador – a Samantha. Theodore assume um relacionamento com ela e enquanto o roteiro e a fotografia vão encantando quem assiste, os dois vivem uma história de amor incomum, empolgante (sim!) e que nos faz questionar sobre nossa relação com a tecnologia e até onde podemos ir nesse mundo cada vez mais virtual. O enredo extremamente moderno se choca com o figurino meio anos 70 e a gente termina o filme querendo dar play de novo. Já ouvi pessoas dizendo que não gostaram do filme, mas eu, particularmente, achei genial! Se ficou na dúvida, paga pra ver e depois me diz o que achou 🙂

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Se você gosta daqui, pode curtir aqui pra mim? Obrigada 🙂

Tengo Ganas de Ti ♡

Algum dia essa semana deitei no sofá da sala à noite e, despretensiosamente, resolvi assistir a um filme no Netflix. Um filme espanhol de 2012: Tengo Ganas de Ti ou Sou Louco Por Você como veio traduzido pro Brasil. Adorei! O filme gira em torno de Hugo – um moço bonito que corre de moto e pratica boxe – que depois de ter o coração estraçalhado foi passar um tempo em Londres e está voltando à Barcelona – ainda com o coração destruído. Quando volta, tudo está diferente, ele tenta mudar de ares e conhece Genebra, uma menina super interessante, super intensa e cheia de hobbies. Enquanto ele se envolve com ela, a sombra de Babi, sua ex, está sempre por perto. Um filme cheio de feridas querendo ser curadas e mostrando que sempre há esperança, mesmo quando tudo parece perdido. Adorei!!!

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O filme da minha vida.

Ano de lançamento: 2003, assistido por mim em 2004. A identificação foi imediata e, desde então, assisti incontáveis vezes e nunca mais um filme me tocou tanto quanto Lost In Translation (pt: Encontros e Desencontros). Um filme de Sofia Coppola, ela que é alvo de grande admiração minha e que toca no íntimo das pessoas. Esse filme rendeu a ela o oscar de melhor roteiro e três globos de ouro.

Eu hoje, ainda bem, não sofro mais com insônia, mas já tive muita e já sofri muito com isso, Charlotte (Scarlett Johansson) também sofria. E essa foi apenas a primeira das identificações.

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Ela está completamente perdida, se formou na faculdade e não sabe o que fazer, não trabalha e tudo o que resta é acompanhar o marido fotógrafo em um trabalho no Japão. Marido esse que não parece ligar muito pra ela e constantemente a deixa falando sozinha. Ela já passou pela fase da fotografia, mas só tirava foto de cavalos e dos seu próprios pés. Os fones de ouvido viraram seus melhores amigos, Charlotte não gosta da maioria das pessoas e está sempre as julgando e se sentindo fora de contexto… Ela é sozinha e não tem a menor ideia do que fazer com a vida dela e enquanto passa a maior parte do tempo sozinha, ela busca algum sentido pra existência… E assim ela virou foto do meu perfil do Orkut durante muuuito tempo.

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Bob, interpretado pelo impecável Bill Murray, é um ator americano na meia-idade, em decadência, entediado, com olhar totalmente perdido e inexpressivo… Tudo o que resta pra ele é fazer comerciais. Está no Japão para gravar um de whisky, muitas vezes liga para sua esposa e é recebido com rispidez do outro lado da linha, o casamento já está fracassado. Está desesperançado, sozinho e quase deprimido. Hospedado no mesmo hotel que Charlotte e com angústias sobre a vida assim como ela, eles se encontram e nasce uma amizade linda!

Já ouvi muitas pessoas dizendo que acharam o filme chato e monótono, mas acho que é preciso assistir no momento certo. Sou suspeita pra falar, porque sou fã da Sofia Coppola e acho que esse filme, que foi o segundo da carreira dela, foi o ápice da sensibilidade dela. É um filme sensível, melancólico e sarcástico ao mesmo tempo. A fotografia é demais, as cores são lavadas e passam uma sensação ainda maior de melancolia… Os diálogos entre Bob e Charlotte são o principal do filme…

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O filme fala do encontro das pessoas consigo mesmas, sobre como a gente espera que as pessoas entendam a gente sem que a gente mesmo consiga se entender antes. Fala sobre vaidade, sobre ocidental x oriental, fala sobre solidão e também sobre cumplicidade. Retrata a busca incessante pela realização pessoal. Ao longo do filme, os dois personagens se aproximam e a cumplicidade chega em seu ponto máximo, ela consegue finalmente ser ouvida por alguém que já está na estrada há muito mais tempo. Uma relação pura que confunde até a eles mesmos, tudo que sabem é que querem ficar perto um do outro. No encontro das duas solidões, eles encontraram a saída.

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tumblr_miy1aeMUdj1rp20fbo1_500É um filme pra ser sentido e qualquer pessoa que se sente ou já se sentiu desajustada nesse mundo, vai se identificar imediatamente, vai querer abraçar a Charlotte e dizer “tamo junto!”. Pra mim, esse filme que completa dez anos esse ano, foi a maior aparição da Scarlett Johansson que é incontestavelmente linda, mas que conseguiu driblar o esteriótipo da mulher bonita  e sexy e vestir a pele uma jovem em conflito consigo mesma. O foco não é a beleza, em momento nenhum ela deixou ela falar mais alto e isso fez com que eu a respeitasse muito como atriz. Assistam e se emocionem! E aos que não gostarem, me desculpem… Mas esse é sim o filme preferido da minha vida há quase uma década.

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A trilha sonora é um espetáculo a parte… Cada música foi escolhida a dedo pra embalar as cenas do filme e o conjunto da obra ficou impecável! Aqui embaixo algumas só pra dar o gostinho…

Beijos e bom filme pra quem for assistir!

Dica de Filme – Like Crazy

Oi!!! Vim falar sobre outro filme! Notei que algumas pessoas acatam as dicas e realmente procuram assistir o que eu indico, então vou tentar fazer com que as dicas sejam mais frequentes.

(A Ingrid Michaelson fazendo cover de Elvis Presley quase mata a pessoa do coração)

Like Crazy é a história do Jacob e da Anna que estudam na mesma universidade e depois de ela tomar a iniciativa, se apaixonaram e viveram um romance daqueles puros, intensos e verdadeiros, com momentos simples, mas carregados de sentimento. O único detalhe é que ela é britânica e em um dado momento, ela é obrigada a retornar ao Reino Unido porque passou as férias de verão em solo americano com seu visto vencido e é aí que o romance dos dois é posto à prova. – Graças à Nossa Senhora dos que namoram à distância, assisti esse filme junto com meu namorado. Se fosse na época em que a gente lidava com a distância, o efeito seria devastador haha

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Ao mesmo tempo que os dois estavam avassaladoramente apaixonados, ambos estavam formados e a vida dela no Reino Unido estava andando com o emprego novo em um jornal e Jacob tinha seu próprio ateliê nos Estados Unidos. O que me encantou nesse filme é o que me encanta em todos os filmes que tenho como preferidos: a realidade. Enquanto a emoção gritava, a razão falava mais alto ainda em em meio à lembranças, choros e ligações, a vida dos dois continuava aos trancos e barrancos.

Eu não sei até que ponto posso continuar a falar da história para não estragar a emoção de quem vai assistir, mas posso dizer que a vida andou, que eles se dedicaram à suas vidas profissionais, que conheceram outras pessoas, tentaram ser felizes. Ainda que o contato nunca tenha acabado e eles sempre, de algum jeito, alimentaram o que sentiam um pelo outro, a sensação que fica, após o novo encontro é que eles já não eram mais os mesmos que se apaixonaram na faculdade e que as coisas têm seu lugar e hora para acontecer e, em muitos casos, validade.

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É um desses filmes de amor que falam sobre amor de verdade, sem cavalo branco, sem gata borralheira, sem abóbora. Amor desses que sofrem, choram e gritam. Amor como tem que ser, cheio de emoções, nunca isento dos problemas, mas com a vontade de resolver todos sempre ligando as duas pessoas.

Acho que vocês já repararam, mas eu não consigo evitar: eu amo filmes melancólicos.

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Super recomendo!

Dica de Filme na Era do Amor Virtual

Oi, gente!

Bom, até dia 02 de fevereiro eu estou de férias e isso significa um monte de coisas boas proporcionadas pela sobra de tempo livre. Nessa semana assisti um filme que estava há um tempão na lista pra assistir e não decepcionou, entrou pra lista dos preferidos e, por isso, resolvi dividir com vocês essa obra dos hermanos que ganhou dois prêmios no Festival de Gramado de 2011.

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O filme argentino Medianeras tem como como cenário a bagunçada Buenos Aires e o roteiro gira em torno de Martin e Mariana, ele um nerd solitário desenvolvedor de sites e que raramente sai da frente do seu computador e ela uma arquiteta que trabalha como vitrinista e que ainda está se acostumando a ser solitária também depois do término de um relacionamento de quatro anos. Ele é fã de Star Wars, o livro da vida dela é Onde Está Wally?.

As medianeras que dão nome ao filme, são aqueles paredões que ficam nos fundos dos prédios que dão de frente para o fundo de outros prédios. Típico das construções antigas de cidades grandes.

Eu interpretei a obra como um filme de amor nada clichê, fala muito sobre a solidão que assola todo mundo nesse mundo cada vez mais individualista e moderno, fala sobre a dificuldade de relacionamento que aflige as pessoas que cada vez mais resolvem tudo pela tela de um computador. Fala sobre medos, sobre depressão, frustração, sobre tristezas e fobias, mas fala sobre esperança, sobre casualidade, sobre identificação… Duas pessoas com vidas distintas e solitárias, um dia deparam-se com a luz entrando por um buraco em suas medianeras que promete um encontro que quase acontece várias vezes ao longo da trama e que pode livrá-los da solidão.

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Com uma trilha sonora agradável, uma fotografia surpreendente e um roteiro impecável com referências à Woody Allen, o filme termina deixando um sorriso no rosto e o conforto em saber que, mesmo que seja apenas um filme, você não está sozinho na sua estranheza. Buenos Aires (que por muitas vezes lembra São Paulo) tem sua bagunça refletida nas pessoas que lá moram e a escuridão das medianeras também paira sobre as pessoas. Uma metáfora entre a cidade grande e o interior obscuro dos solitários, acho que é disso que se trata o filme, encantador!

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Pra quem interessar possa, comprei o DVD na Livraria Cultura por R$ 39,90. Espero que vocês assistam e se encantem assim como eu 🙂

Ruby Sparks – A Namorada Perfeita

Assisti ontem a um filme que eu estava ansiosa para assistir.

Ele, Calvin, um escritor que anos após o sucesso de seu livro de lançamento está sofrendo de um bloqueio criativo e não consegue passar da primeira página – ainda em branco – do seu novo livro. Em um sonho ele encontra uma mulher que serve de ponto de partida para seu novo romance e, Ruby, a tal mulher dos sonhos, aparece cada vez mais frequentemente até que um dia se materializa na cozinha da casa de Calvin. Um misto de fantasia e realidade, onde os dois mundos se confundem e Calvin tenta descobrir se está louco, a medida que não quer que a fantasia acabe.

O filme que é dos mesmos diretores de Little Miss Sunshine – um filme que adoro – e tem como protagonista um ator que também participou do primeiro filme, parecia ser sucesso garantido e teria espaço garantido na minha lista de filmes preferidos assim como o Little Miss Sunshine, mas não foi bem isso que aconteceu. Eu não dormi nem nada, não fiquei pensando no jantar enquanto as cenas passavam, achei bonitinho, engraçadinho, mas não captei muito bem a mensagem, se é que o filme  tem alguma. Ao fim do filme que tem toda uma atmosfera indie que eu confesso adorar, Calvin fala as palavras “Falling in love is an act of magic.” e eu suspeito que essa seja a mensagem do filme, mas não é novidade alguma pra mim.

Das duas uma, ou o filme realmente é café-com-leite ou eu fiquei velha demais pra essas coisas.