A delicadeza do som de Jéf

Álbum de Jéf Souza

Jef Souza além de músico, é publicitário, escritor e poderia estar nesse post aqui, caso o CD tivesse sido lançado em tempo. Na última sexta-feira, dia 31 de julho, o Jéf lançou o álbum “Interior”. Ele, que é de Três Coroas, interior do RS, foi o  vencedor do reality Breakout Brasil exibido pela Sony no ano passado. O César um dia foi fazer umas fotos no programa e voltou pra casa falando “tem um cara lá que é muito bom” e, desde então, começamos a ver e ouvir o trabalho de Jéf e a torcer por ele.

O CD, que pode ser encontrado nas principais plataformas digitais (iTunes, Rdio e Spotify), foi lançado pela Sony Music Brasil e produzido por Lucas Silveira da banda Fresno. Lucas, inclusive, participa de uma das faixas, a 7, “rema e acredita”.  O nome do álbum faz todo sentido, ouvir as 10 músicas em looping é experimentar o conforto da calmaria do interior enquanto Jéf transforma em música o que acontece dentro de seu interior. Sou péssima em rotular músicas para os outros, já que as músicas no meu mundo se dividem somente em boas ou ruins. Jéf faz música boa, muito boa, classificado pela gravadora como indie folk, já não sai mais do fone de ouvido.

Até tentei  pensar na preferida, mas é muito difícil! Talvez seja “Quando você voltar” porque é uma fofura muito grande, dá vontade de ficar cantarolando o dia inteiro: “E quando você voltar eu vou estar te esperando parado na porta com um sorrio de ponta-a-ponta… E eu não vou arredar o pé enquanto eu não te ver”.

Enfim, façam esse favor a si mesmos,  ouçam o disco e se apaixonem! ❤

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As fotos para #NikeGirlsBR

No começo do ano eu fui convidada pela Kultur Studio em nome da Nike pra me juntar a um time de 13 mulheres entre Rio e São Paulo pra um projeto muito legal! Todas as 13 eram bem diferentes umas das outras, mas com um ponto em comum: o tênis! Sem forçar a barra, sem pedir da gente o que a gente não podia dar, a gente vestiu nossos tênis Nike e mostrou que esse é o item mais democrático da moda. A equipe toda foi um amor desde o início e eu fiquei muito feliz em conhecer as outras integrantes do time, algumas viraram amigas pós-ação! ❤

Cada uma fotografou em um canto da cidade, de forma despretensiosa fiquei com a Av. Paulista, um dos lugares que mais gosto de São Paulo. Esse tipo de sessão de fotos não é meu forte, fiquei bem constrangida no começo, mas todo mundo foi tão legal que consegui me divertir muito enquanto as pessoas olhavam e pensavam “quem é essa criatura?”

As fotos são do fotógrafo Eduardo Biermann e quem quiser ver um pouco mais do trabalho dele, inclusive desse projeto, tem fotos das outras meninas no site dele. Aqui eu divido um pouco com vocês a minha participação nessa ação:

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Um suuuuper obrigada também à Renata Massetti que captou todo o making of das fotos e também me deixou super à vontade. Assim como o Edu, ela também é muito boa no que faz, pra vez mais do trabalho dela com as #NikeGirlsBR, é só acessar o site dela. Embaixo 15 segundinhos do que foi esse dia:

Obrigada a todos pela paciência, pela competência e pelo bom gosto. Foi um prazer!

The Little Black Jacket

A exposição famosa da Chanel que já passou por NY, Milão, Paris, Londres, Tóquio e mais um monte de outras grandes cidades,  aponta aqui em São Paulo no dia 31 de outubro na Oca do Ibiapuera. São fotos de mais de 100 mulheres posando com o famoso casaqueto da Chanel. O projeto do Karl Lagerfeld tem brasileiras como Laura Neiva e Alice Dellal. Todas as fotos em preto e branco e com mulheres lindas e totalmente diferentes entre si. Um show de bom gosto!

 

 

Marquem na agenda, hein?

 

Sobre viver.

Tem dias que simplesmente são bons, sem motivo algum, são bons. Com motivos até pra serem ruins, são bons. Hoje foi um dia como qualquer outro, acordei cedo, tomei meu café da manhã, fui trabalhar, respondi dezenas de e-mails, atendi outras dezenas de telefonemas, resolvi problemas, substituí o almoço pela manicure, morri de frio no ar condicionado do escritório e às seis da tarde eu estava no ponto de ônibus.

O ônibus demorou bastante, o que fez com que eu pegasse ele absurdamente lotado, o dia inteiro fez 30 graus, no fim da tarde o Sol ainda é alto nessa época do ano e o calor não perdoava. Uma das principais avenidas da cidade que eu preciso passar, lotada e parada como toda sexta-feira, paciência é a palavra de ordem. Encostei em uma porta, tirei meu livro da bolsa e retomei a leitura de onde tinha parado no percurso da ida ao trabalho, não fosse um solavanco que fez as pessoas se amontoarem, eu teria terminado ele. O ônibus bateu em um carro que atravessou na frente, os agentes de trânsito foram acionados, os passageiros deveriam descer do ônibus. Desci, achei desagradável, mas ser o motorista do carro seria pior. Tentando rir da situação, parei no ponto seguinte e esperei o próximo ônibus passar.

Depois de uns 30 minutos de espera, o ônibus chegou e se o anterior já estava lotado, vocês conseguem imaginar como este segundo também estava. Espremida do lado do motorista e depois de pedir pra uma menina levantar pra dar lugar à uma grávida, uma japinha idosa que insistia não precisar sentar, puxou assunto. Ela falou sobre a usina hidrelétrica de Belo Monte, sobre índios, sobre peixes sobre dinheiro, sobre criminalidade, ela só precisava que eu assentisse com a cabeça e falasse umas duas palavras no meio das dela. Era o ponto dela, ela desceu.

Como quem apenas esperava o momento certo, um menino de 11 anos puxou assunto perguntando “tia, quantas capitais você conhece?” Enumerei todas e, pelo sotaque, sabia que não era daqui e resolvi perguntar. O menino pernambucano mora aqui há apenas seis meses em uma família que o adotou e já anda sozinho, me contou sobre as estrelas que não consegue ver na cidade cinza e sobre o sonho de conhecer a neve e a Disney. Aliás, me contou sobre como a Disney é enfeitiçada para que nenhum parque seja melhor, fingi surpresa e senti que ele ficou feliz em ter me contado algo que eu não sabia.

Perto do próximo ponto, vi uma multidão de gente, tentei ir pra perto da catraca, um time de futebol estava prestes a entrar. Agradeci a conversa ao menino e fui me enfiando no meio do pessoal. Chegando perto da catraca, perguntei ao cobrador “vou descer no ponto da ******, daqui fica mais fácil eu pagar e sair pela frente ou tentar descer por trás?”. O cobrador aconselhou seguir e disse que com fé eu chegava na porta, pediu licença por mim pra meia dúzia e eu fui. Nisso uma mulher com 3 colegas disse pra mim “vou grudar em você e vou atrás” e uma outra brincou com a situação gritando “ÁGUA, ÁGUA, DEZ REAIS! BEBE E DEPOIS PAGA!” Lá na frente um senhor que mal tinha os dentes gritava pro pessoal andar pra frente e tentar empurrar com o IMBIGO porque lá perto do motorista estava apertado. Eu cheguei na porta e, poucos minutos depois, o ônibus parou no ponto que eu deveria descer.

Subindo a rua de casa cansada, com as bochechas vermelhas de calor, querendo um banho e uma garrafa de água gelada, eu me peguei feliz e com o humor estranhamente inabalado. E onde eu quero chegar é que brasileiro é um povo demais, que luta, que trabalha, que ganha pouco, mas que não perde o requebrado. Eu acho que todo mundo deveria se misturar algumas vezes nessa vida ao que chamam de povão, dar uma de Regina Casé mesmo, conversar, trocar ideia, ouvir a conversa alheia, pegar um ônibus lotado, rir, fazer piada… É óbvio que eu prefiro um carro com ar condicionado, música boa, cheiro agradável e a mochila no banco do lado ao invés de nas costas te preparando pra uma hérnia, mas ver  (e viver) o mundo real é preciso e, sabendo tirar proveito, é enobrecedor.

Sabem, eu sou uma apaixonada pela França e pela atmosfera parisiense, tive a oportunidade que a minoria tem de ir mais de uma vez e me apaixonar mais ainda, mas ainda que seja verão e os termômetros marquem 30 graus, a cidade é gelada. Já Londres parece cenário de filme a qualquer esquina medíocre, os homens são verdadeiros lords, as mulheres são elegantes, mas é gelado. Assisti à maior covardia da minha vida em um clássico ônibus londrino de dois andares e mais de 20 pessoas, enquanto um homem batia brutal e covardemente em um outro, assistiram imóveis como quem assistisse à um filme. Gelo. É o calor do Brasil que faz com que as pessoas se apaixonem, a compaixão, o espírito rico do povo que luta e acredita que faz com que o Brasil tenha aquilo que todo mundo ama, mas ninguém sabe explicar.

Não, eu não sou uma pessoa super alto astral que nunca reclama e vê o lado bom de tudo nessa vida, eu reclamo, eu sou rabugenta muitas vezes, eu sou muito mais ranzinza que uma pessoa de 24 anos deveria ser, mas hoje eu estou especialmente feliz e absolutamente capaz de assistir o desagradável com bons olhos e resolvi compartilhar. Eu estou feliz e acho que é a felicidade o segredo de tudo, ela é capaz de alterar a ótica das pessoas sobre as coisas. É só ser feliz acima de tudo e o resto todo parece mais doce. Sem querer ser piegas, é isso mesmo. Pode ser que essa minha onda quase hippie acabe amanhã, então achei válido deixar aqui registrado nesse blog o dia em que nada me abalou.

E se você, em um mundo de leitores apenas de títulos e manchetes, leu até o fim, parabéns e muito obrigada.

Um ótimo fim de semana pra todo mundo!

900 é o número.

OK, cada um faz o que quer com o seu dinheiro. OK, essa é uma democracia. OK, ninguém é obrigado a ir em lugar nenhum ou a comprar coisa alguma. OK, cada um no seu quadrado. OK, OK, OK e OK.

Tudo certo, deixando o papo do livre arbítrio de lado, preciso falar. Hoje foi anunciado o valor do ingresso para os 3 dias do festival Lollapalooza, o passe para todos os dias sai a bagatela de R$ 900,00 e a notícia gerou o maior frisson no twitter!

Gente, novecentos reais em três dias de show em um país que tem um salário mínimo de R$ 622,00 é muito difícil de engolir. O post aqui não é pra convencer ninguém de nada, só mesmo pra desabafar, já que os 140 caracteres do twitter não são suficientes.

Acho triste porque é uma grana em que metade dos que vão desembolsar, não trabalha e não tira do próprio bolso, o que dificulta (e muito) a educação financeira do país, uma vez que estes que pegam mil reais dos pais pra ir em um show que nem vão conseguir ver, são os mesmos que amanhã vão estar gastando todo o seu salário em uma bolsa, em um sapato, em nada. Os mesmos que vão abrir crediários pra trocar a geladeira nova por uma mais nova, os que vão pegar empréstimos bancários pra trocar o carro por um 2 anos mais novo. Os mesmos que vão estar presos em uma bola de neve cheia de cifrões e extratos negativos.

Drama? Pode ser. E que seja. O que eu não entendo é a leviandade com que se trata o assunto. Gente, NOVECENTOS REAIS. Novecentos mais o transporte, a alimentação, a roupa da moda nova pra desfilar. Sem falar os milhares que vão vir de fora com hotel, transporte mais caro ainda e tudo o mais. No total, o desembolso é de muito mais de mil reais.

Não tô aqui pra julgar ninguém e concordo que cada um faz o que quiser com o seu dinheiro, mas isso não me impede de achar triste o que cada um quer fazer com o seu dinheiro. Acho tudo super hipócrita porque esses que vão estar fazendo plantão na internet nessa madrugada para garantir seus ingressos, são os mesmos que amanhã vão estar colocando foto de fome na África no Facebook com uma carinha de choro e comentando no twitter como é cruel a condição de vida dos pobres favelados que têm seus barracos incendiados. É a hipocrisia que incomoda.

Quanto às bandas? Realmente muito bem escolhidas, assim como foram as do último, mas a falta de noção foi a grande atração dessa edição.