O amor maior do mundo.

É uma das relações da minha vida com mais amor. Amor demais. Muito amor mesmo. Amor que dói. Mexe com ela e eu viro bicho. Faz ela chorar e comprou briga comigo pra sempre. Eu posso falar dos defeitos dela, mas se alguém falar também, mesmo que tenha razão, eu vou ficar com muita raiva.

Eu fui sozinha por 5 anos. A única filha, a única sobrinha de todos meus tios, a única neta de todos meus avós. Eu reinei absoluta por 5 anos e aí me contaram que você ia chegar e que contavam comigo pra cuidar de você. Fiquei muito feliz e orgulhosa! Eu ia ser importante, você ia precisar de mim, eu te cuidaria. Você chegou e nem por meio segundo senti ciúmes do meu mundo antes só meu, agora sendo dividido com você que tinha bochechas grandes e orelhas de abano. Eu amava te pegar no colo, ir junto te buscar na creche, posava orgulhosa do seu lado, te esmagava forte, trocava sua fralda.

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Você foi crescendo e já mostrando uma personalidade difícil, mas encantadora. A voz rouca, os cachinhos e aquela bunda gorda de fralda entrando cheia de si na creche enquanto abanava como se fosse autossuficiente é uma cena que eu nunca vou esquecer, morro de apego. Eu te amava tanto e competia tão pouco contigo que eu amava ter o triplo do teu tamanho e usar roupas iguais, por mais cafona que isso pudesse ser. Você era 5 anos mais nova, parecia uma grande diferença, mas por muito tempo eu era tão criança quanto você, mas tentando ser adulta suficiente  pra cuidar de você como nossos pais cuidariam. Eu sofri muito nas vezes que te perdi de vista como um dia em Fortaleza na Praia do Futuro que você sumiu no parquinho em questão de segundos e outra vez naquele resort em Cabo de Santo Agostinho que eu estava aos prantos com teu sumiço quando, de repente, você apareceu toda feliz andando de carrinho de golf com um funcionário do hotel. Você sempre foi assim, fez o que quis, isso sempre me irritou profundamente… mas era seu jeito de ser feliz. Ainda é.

Nosso aniversário tem 6 dias de diferença, mas você é aquário e eu sou capricórnio, eu sou seu inferno astral. Fiquei com muita raiva nas vezes que você me tirou o sossego, quando roubou minhas coisas, quebrou meus óculos, quando me irritou e quando revidei, gritou e acabei levando a culpa da briga, quando você me arranhava, quando jogávamos esmalte uma na outra, quando ouvia uma ordem e fazia exatamente o contrário, mas eu também te amei cada segundo em que te odiei.

217550_1948127988717_2947946_nEu lembro do dia que descobri que papai noel não existia. Naquele dia, enquanto eu assimilava a informação, eu tomava cuidado pra você não reparar. Nos anos seguintes, ajudei a manter a tua fantasia viva… Os anos foram passando e você já tinha suas manias, vontades, opiniões e eu ainda com a síndrome da irmã mais velha. Por isso brigamos tanto e nos afastamos por muitos anos, eu simplesmente não conseguia não cuidar de você, mesmo que você não precisasse mais de cuidados de irmã. Eu te julguei, enchi mais seu saco que nossa mãe e nosso pai juntos. Te dei bronca, te controlei… Desculpa, foi assim que eu aprendi a te amar desde quando você ainda era um grão de feijão crescendo na barriga que eu amava beijar.

Você sempre foi, pra mim, a criança mais bonita. Eu lembro das suas apresentações do ballet, não sei decidir quando você estava mais encantadora: vestida de mágico ou de índio saltitando descoordenada no palco, errando toda a coreografia, mas com um sorriso largo no rosto de quem tá ali só pra se divertir e não pra agradar ninguém. Você falava igual ao Cebolinha, trocava o R pelo L e odiei quando aprendeu a falar direito, era você deixando de ser criança. Lembra quando a gente encenou o Rei Leão naquele hotel na Bahia? Eu era uma girafa horrorosa e você riu bastante disso. Te tive do meu lado em muito mais momentos do que eu tinha me dado conta até hoje, quando comecei a fazer uma retrospectiva. Muitas vezes a gente se comunicou sem trocar uma única palavra, fomos cúmplices infinitas vezes.

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Quando menos esperei, eu tava cuidando do teu primeiro porre, limpando vestígios pros nossos pais não descobrirem. Estava te buscando de madrugada quase desacordada, eu estava comprando suas brigas, fazendo pergunta sobre os namorados, sofrendo tuas dores. De repente você era minha parceira de viagem perambulando pela Europa, brigando com desconhecidos e lidando com policiais portugueses. Eu fui quem te deu o primeiro remédio pra dormir, foi nessa viagem… Fiquei acordada vigilante, enquanto me assegurava que você estava tendo uma boa noite de sono. Foi nessa viagem que você gastou todo o dinheiro no primeiro dia e eu dividi o meu dinheiro contigo pelo resto dos dias.

Eu lembro que por uma fase, eu negava abraços. É, nunca entendi… Fazia isso por puro retardo mental, não tem outra explicação. Eu me divertia não devolvendo teus abraços, aí eu cresci e enxerguei o tanto que eu te amava e quanto eu precisava aproveitar enquanto podia te abraçar, é… o jogou virou, você passou a negar minhas manifestações de amor.

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A gente sempre foi muito diferente em muitos sentidos, mas aos poucos fui vendo você se transformando e carregando muito de mim contigo. E em algum momento, nós nos tornamos muito parecidas ao mesmo tempo que somos opostas. Os cheirinhos, as roupas, muitas músicas, o jeito de lidar com as pessoas, até nossa risada ficou parecida. Nossa relação ainda é meio estranha às vezes, mas é o amor mais puro que eu posso sentir. Eu sei que quando você fica muito tempo sem me dar notícias, é porque a vida tá boa, porque você tá feliz e serena. Sinto saudade, mas uma parte de mim fica tranquila porque você tá bem. E eu gosto de ser o lugar seguro pra onde você corre quando alguma coisa desmorona. É, eu não me preocupo se algo de ruim tá acontecendo porque sei que quando algo acontecer, eu vou ser uma das primeiras a saber e eu sempre vou estar disposta pra te dar a força que em alguns momentos te falta pra encarar as pancadas da vida.

Eu já chorei muito suas dores, me engrandeci com suas vitórias. Já fiquei muito brava contigo e já fui completamente feliz do teu lado. Temos nossos altos e baixos, mas eu te juro que nem por meio segundo dos teus 23 anos, te faltou amor. Eu te amei cada segundo da tua existência e sigo amando.

Isso tudo aqui é só pra dizer uma coisa: tenho muito orgulho de ser tua irmã e por ti tenho todo o amor do mundo.

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Carinho existe é pra dar mesmo

Essa semana um amigo me agradeceu por coisas inusitadas. Ele me agradeceu por dar atenção, por responder as mensagens dele e por ouvir. Ele agradeceu, ele estava surpreso e eu senti que, na verdade, ele nem sabia mais receber carinho… Ele não estava um  em momento bom, nessas horas parece que os amigos vão pra Marte e ficam incomunicáveis até a próxima festa que você aparecer fingindo estar feliz, né?

Amigo não é aquele que vai em todas as baladas com você, não é o da mesa do bar, amigo não é aquele que você manda memes no whatsapp. Amigo é aquele que te dá importância, que passa a noite em claro segurando a sua barra. Amigo é aquele que desmarca os planos pra ouvir o outro se lamentar… Amigo não julga, amigo conhece os erros e os problemas e tenta ajudar o outro a encontrar a melhor forma de lidar com eles. Amigo troca um sábado com um “flerte” por um sábado na sua casa conversando sobre coisas aleatórias da vida.

Amigo fala do que machuca, do que aflige, não tem medo de estar incomodando porque sabe que sua dor tem espaço no peito do outro e isso não é incômodo algum. Amigo não te sugere uma balada pra curar as dores, amigo não diz que você precisa se drogar pra esquecer das merdas da vida. Amigo aceita que seu estado hoje é esse, deplorável, desarmado, entregue e triste. Amigo fica do seu lado até que isso passe, amigo coloca música pra cantar com você na tentativa de espantar os males por alguns minutos.

Amigo entende que você não precisa estar sempre feliz, que você hoje queria ir pro rolê, mas não tem cabeça. Amigo troca a balada com cachaça por meia com Netflix, sem se preocupar com os esquemas marcados durante a semana. Amigo elogia, diz que tá bonito, que o trabalho tá foda, amigo encoraja, abraça, não espera nada…

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Quando esse amigo me agradeceu por ouvir,  por estar presente e por eu me preocupar, eu entendi mais uma vez que o mundo está mesmo um lugar triste de viver. Ninguém mais quer saber se você está bem, ninguém mais se importa com ninguém. Quando é que a gente parou de olhar com amor pro mundo do outro? Quando a gente perdeu a capacidade de abdicar por uns minutos dos nossos planos da noite pra ouvir uma pessoa que só precisa ser ouvida?

Cada vez mais as pessoas estão sofrendo por carência, por solidão, desilusão… As pessoas nunca tomaram tantos remédios, as pessoas estão se matando pra matar a dor do peito. O poder de uma conversa, de um carinho, de uma mensagem e de um ouvido é ENORME e custa zero dinheiros pra quem dá. Quando a gente dá um pouquinho da gente pro outro, a gente ajuda a preencher um vazio do outro lado… A gente não tem como esperar um mundo melhor se a gente não reaprender a olhar com AMOR pra vida das pessoas. A gente desaprendeu a amar genuinamente as pessoas sem esperar nada delas, sem interesse. Parece que hoje as amizades existem pra serem exibidas na internet ou existem para serem a porta de entrada para uma opção de sexo, as amizades existem por status, fama, poder, desejos carnais. As pessoas não sabem mais amar as outras, não sabem mais dar carinho… Há um medo porque hoje tudo é julgado, tudo parece ter que ter um sentido por trás do que aparenta ser.

Amar não precisa ter motivo, dar carinho não significa carência, ouvir o outro não significa um interesse escondido, importar-se com alguém apenas é um jeito de dizer pro outro que ele é importante, que ele não está sozinho, que a vida pode ser menos pesada e que existe alguém que vai sentir muito, caso algo de ruim lhe aconteça. Vamos parar de ter medo de demonstrar e dar carinho, isso preenche o nosso peito, o peito do outro e ainda pode salvar vidas e evitar noites de choro.

Cada pessoa importa.

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Amor por elas

Mônica, Marina, Manoela, Maria Eugênia, Marília, Mariella, Mariana. Ana Carolina, Ana Paula. Thammy, Bruna, Julia, Victória, Lucy. Nathalia, Natalia, Nátali. Isadora, Isabel, Renata, Fernanda. Naiara, Amanda, Carlise, Laura, Yasmin, Vivian, Gabriela, Mona, Aline. Isabela, Larissa, Raquel, Tatiane, Flávia, Priscila, Caroline, Carolina…

ilustração por Henn Kim

ilustração por Henn Kim

Nomes nada aleatórios que representam lucidez em meio à loucura, que têm menos meu tempo do que eu gostaria de dar. Nomes especiais de pessoas especiais que tornam minha vida mais bonita. Nomes que, cada um à sua maneira, significam sossego, conforto, amor, paciência, companhia. Nomes que validam minhas decisões em nome da minha felicidade, nomes que não me deixam na mão. Nomes que me deixam à vontade pra ser quem sou. Nomes que mesmo com minha usual displicência, nunca me deixaram sem afago. Nomes que conquistei sendo eu mesma e que me conquistaram sendo quem são. Nomes que representam encontros de vida, que representam compreensão. Cada nome desse desempenhou e desempenha um papel importante na minha vida. Eu queria ter mais alma pra dar e muito, mas muito mais tempo. Eu sei que vocês sabem quem são e eu só quero agradecer pela amizade. Tenho muita sorte em conhecer tantas mulheres incríveis que me inspiram, que me orgulham,  que me fazem ter vontade de ser melhor, que me deixam segura simplesmente por sempre darem um jeito de mostrar que eu não estou sozinha. Obrigada por cada choro, cada riso, cada café, cada vinho, cada brinde, cada foto, cada palavra… Cada uma de vocês é única na minha vida e eu queria poder retribuir melhor.

Amo vocês.

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O jogo que ninguém ganha

Quem é que inventou que demorar pra responder de propósito é uma ideia maravilhosa pra deixar o outro afim? E quem é que disse que sumir de vez em quando sem dar explicação é uma ideia genial pra amarrar o outro? Não sei com quem vocês andam falando, mas amigos, se um cara me deixa falando sozinha de propósito e some no meio de uma conversa e aparece só 48 horas depois, o máximo que ele vai encontrar na volta é uma pessoa sem a menor vontade de conversar e com um bode sem tamanho.

Querido, seu jogo não vai te render nada além de uma revirada de olho minha e uma desculpa pra não ir naquele bar que você falou outro dia. Quando você dá uma resposta fria ao invés de falar o que realmente quer falar, você é um uma pessoa bem menos inteligente do que esperei que fosse naquela primeira vez que falei com você e fomos de Fellini à politica em questão de segundos.

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A vida já é uma burocracia danada, tem fila pra caramba, tem trânsito, tem gente mal educada na rua, no banco, nos parques… Você escolher ser mais uma burocracia e um filho da puta podendo ser conversa fluida e um  pedido de “desce que tô passando aí” num sábado à tarde, só te faz uma pessoa pequena perdendo tempo de viver coisas bonitas.

De jogo eu gosto de candy crush, palavras cruzadas e Super Mario. Qualquer jogo além disso é perda de tempo, dá tédio e eu não quero, obrigada.

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Depois do fim.

“Amor, quando é amor, termina em barraco. Se termina em silêncio, já não era mais nada.”

Essa frase é do Gabito Nunes, um escritor que conheci há uns anos. Apesar de eu gostar muito do trabalho dele, esse é um post pra discordar da frase que eu citei. É, talvez eu já tenha concordado um dia no auge da minha juventude ingênua, mas eu discordo. Eu acredito é justamente no contrário, amor quando termina, termina em respeito. Se termina em barraco, já não era mais nada.

Quando um relacionamento chega ao fim e ainda há amor e respeito, é preciso não sucumbir ao desejo de esbravejar e revoltar-se. Quando um relacionamento que ainda tem amor chega ao fim, a gente mede as palavras, a gente se preenche com um sentimento de gratidão e consideração pelo tempo que passou junto do outro. Quando chega ao fim, a gente quer ser feliz e encontrar o nosso caminho na mesma intensidade que quer que o outro seja feliz e e encontre seu caminho. O que fica depois do fim é uma preocupação cheia de carinho, fica um sentimento de que tudo foi bonito do começo ao fim e que só acabou porque, de alguma forma, a beleza da relação se perdeu. Quem ama, não aceita nada que não seja o melhor que a união pode ser.

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Quando acaba em xingamentos, acusações, ameaças, gritos e barraco, não há mais respeito pelo relacionamento, muito menos pela pessoa. Quando um, só de pirraça, bate o pé pra ficar com aquele sofá que sabe que o outro gosta muito mais, o amor já foi embora há muito tempo. No fim, não existe “eu terminei”, “elx terminou”, o fim é consenso. Se não é consenso, é repeito. É preciso de muito amor pra entender que pro outro a caminhada não faz mais sentido. É preciso coragem pra deixar o orgulho de lado, é preciso maturidade.

Não digo que é preciso manter um relacionamento de amizade, nem que é preciso virar melhor amigo, chamar pra um café no dia seguinte. Cada um lida como for melhor, se depois do fim, o que restar for a indiferença, não tem problema, mas deixe o outro trilhar o seu caminho daqui pra frente. Sem provocações, sem histeria, sem chantagem. Trilhe o seu caminho em paz, agradeça por cada conquista que só foi possível pela companhia do momento, pelo apoio, pela mão que estava lá pra segurar, caso algo não saísse como planejado. O segredo de tudo é o timing. É preciso saber a hora de parar de insistir, pra que as coisas terminem de uma forma bonita. Não é preciso esperar o limite pra aceitar a perecibilidade da relação.

Depois do fim, o que fica é admiração. Na minha nova sala tem um quadro com a fotografia dele que mais gosto. Na dele, uma silhueta minha. Nossos amigos ainda são os mesmos, relacionamento que termina com amor não obriga as pessoas a escolherem um lado. Relacionamentos acabam pra que novos ciclos se iniciem, pra que as possibilidades de encontrar a felicidade se renovem. Amor sempre dá certo, até quando termina.

Depois do fim que há amor, enquanto os dois tentam juntar os pedaços pra recomeçar, um sempre vai sorrir ao saber de uma conquista do outro. Depois do fim, ainda há um querer bem. Se termina em barraco, repito, já não era mais nada.

“You’ve got to learn to leave the table when love is no longer being served.” (Nina Simone)

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