Hoje só amanhã.

À flor da pele, você passeia pelos canais da televisão… Ih, programa de nascimento de bebê, pula, não quer chorar. Para em um reality gringo burro qualquer, é território seguro, nada de grave pode acontecer… Intervalo, propaganda dos médicos sem fronteiras, corre e pega o controle em tempo de evitar a lágrima. Ih, já tem propaganda de dia dos pais na TV aberta, nó na garganta. Programa de culinária, poxa, eliminação, não tem estruturas pra isso. Desliga isso, todo mundo quer te fazer chorar. Vai dar uma volta no bairro, um cachorro perdido se arriscando a atravessar a rua, uma briga de casal na esquina pra todo mundo ver, um dia frio com vento, melancólico demais. Viver às vezes dá vontade de chorar, você precisa de chocolate… Padaria, moço, vê uma fatia daquela torta bem recheada? Obrigada. Droga, comeu tudo, não melhorou, são quantas calorias? Precisa correr, a calça de ginástica deprime qualquer criatura viva, mas vamos lá… Não, não está no clima, pode cancelar hoje? Tenta amanhã outra vez, celular no silencioso, manda dizer que não está, fecha a janela, abraça o edredom. Dentre todas as dúvidas, uma certeza… A de que amanhã é um outro dia e de que sempre há outro dia, não tem problema em perder um para a emoção. Hoje se entregou, amanhã a dor vai no bolso, amanhã a emoção vai ficar pra outro dia e a vida se ajeita até que o acúmulo de sentimentos venha à tona em outro novo dia que terá todo o direito de pular também, não precisa ser feliz todo dia.

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