Desde que a gente dá nosso primeiro choro começa a cobrança incessante pela nossa próxima etapa. Nos primeiros anos, coitados dos nossos pais. Começam a obrigação de dar satisfações e a espera pelo curso na natural da vida vira uma sucessão de cobranças e ansiedades! Ainda não nasceu o primeiro dentinho? Ainda não anda? Já levou ao pediatra pra saber se tá certo? Já falou a primeira palavra? E a escola, quando começa? Quando termina? Já decidiu pra que vai prestar vestibular? Essa faculdade não tá demorando muito não? Quando se forma? Ihhh, demorou pra começar a trabalhar, tá mandando currículo? E os namorados (as)? Vai ficar pra titia (o)? Tá namorando, quando vai casar? E o filho vem quando? Já comprou a sua casa ou vai morrer no aluguel? Quando você vai deixar de trabalhar pros outros e virar chefe? Quando vai se aposentar? E de repente estamos respondendo sobre nossos filhos tudo que perguntavam sobre a gente aos nossos pais e o ciclo da pentelhação nunca tem fim. Ê, encheção de saco… Nessa, a vida passa e nós vivemos ela inteira dando satisfações sobre coisas que, teoricamente, deveriam ser naturais, leves e menos graves.
A gente vive uma vida cada vez mais ansiosa e esquecemos de comemorar as nossas pequenas conquistas porque estamos ocupados demais projetando a próxima etapa e prestando satisfações a todo mundo que parece estar mais preocupado que nós mesmos quanto a nossa vida. Na próxima vez, antes de perguntar, pense se é mesmo relevante. É muito chato ter que explicar pros outros que o nosso tempo não precisa ser o mesmo e que a gente prefere aproveitar o agora a ficar imaginando quando o próximo “check” da lista padrão da vida vai ser dado. Viva la vida!