12 de junho de 2014. É dia dos namorados, é dia de abertura da Copa do Mundo no Brasil depois de 64 anos. Eu sempre adorei esse evento esportivo, sempre me empolguei muito, juntei família, juntei amigos, vibrei, vesti a camisa, colecionei figurinhas – continuo adorando. A culpa não é da Copa. O Brasil, concordo, não estava – e ainda não está – em condições de sediar mais uma Copa. Ser sede deste evento não é algo que se é imposto aos países, a Suécia, por exemplo, desistiu de candidatar-se no começo desse ano por enxergar que os altos custos de investimento em estrutura esportiva poderiam ser canalizados para algo interno que trouxesse mais retorno à população. A culpa não é da Copa. Nós escolhemos, nós tivemos muitos anos para ser contra, para tentar reverter, para evitar os superfaturamentos, os desgastes, a revolta. O dinheiro já foi gasto, os estádios já estão erguidos, os ingressos já egotaram e o país já está transbordando turistas. Eu sou uma apaixonada confessa pelo Brasil (não só de 4 em 4 anos), apesar de ficar muito triste com as pessoas que conduzem esse nosso país, eu liguei a televisão ainda há pouco – o volume mais alto que o normal devido às cornetas ecoando nos corredores do prédio – e me deparei com imagens de confronto entre manifestantes e polícia, fiquei triste. Não é hora, eu acho que roupa suja a gente lava em casa quando as visitas vão embora, tem muita coisa entalada na garganta, mas a culpa não é da copa. Talvez essa seja a edição com as condições mais precárias, a gente prometeu uma série de condições e obras que não foram cumpridas, a copa como evento também foi lesada e enganada junto com a gente. As cidades estão cheias de pessoas falando idiomas diversos, com mapas nas mãos e câmeras no pescoço, pessoas que amam nosso país mais que a gente mesmo e eu aprendi desde cedo a tratar bem as visitas. O turista também não tem culpa. A gente precisa de educação, saúde, transporte, moradia, CLARO, mas eu acho que é hora de erguer bandeira branca, de não comprometer o turismo no Brasil que é uma das nossas grandes atividades econômicas e que, independente de eventos internacionais, movimenta milhões de reais por ano com as visitas estrangeiras. Não sou a favor de maquiar nada, de colocar a sujeira embaixo do tapete pra sair notícia bonita na imprensa gringa, isso não seria possível, nossas mazelas são visíveis pra qualquer um que quiser ver, mas sou absolutamente contra essa postura autodestrutiva que a gente resolveu adotar e que corremos o risco de sobrepor ao que ainda temos de bom e que é só nosso. A gente não fala inglês, mas planta até bananeira pra fazer o outro entender a gente, a gente tenta ajudar, a gente estende a mão. A gente é feliz, apesar de tudo, a gente contagia as pessoas, o Brasileiro é um guerreiro, se vira com o que tem e mantém o sorriso no rosto sempre. A gente chega muito longe com muito pouco, a gente tira leite de pedra e faz limonada com meio limão. Infelizmente não posso controlar o que acontece, cada um sabe o tamanho da revolta que carrega em si e a pouca tolerância que restou. Eu sou a favor de esperar, eu sou a favor da manifestação e da revolta em outubro – não em julho. Eu vou, sim, fazer pipoca, vestir minha camiseta do Brasil e pedir baixinho que lá de cima venha uma força e uma proteção pra que tudo corra bem pra todo mundo, eu vou esperar por uma copa tranquila, da paz, colorida e muito bonita. Eu vou torcer pela nossa nação e esperar pra lavar a roupa suja quando a casa estiver sem nossos hóspedes – eles realmente não têm culpa.
Curtir isso:
Curtir Carregando...