À falta de talento!

A semana começou com uma crônica da Tati Bernardi do alto da sua maturidade e do seu espaço semanal na Folha de São Paulo recém conquistado proferindo palavras de desprezo e repreensão aos jovens que fazem trabalhos de graça. Tá facilzão falar isso depois de ter vivido até os 30 anos fazendo de graça pra conquistar espaço, conhecer pessoas e acumular experiência. É muito lindo ordenar ao jovem que ele cobre, cobre e cobre e esquecer dos motivos que a fizeram, por um tempo, não cobrar por seu trabalho. Conhece alguém aí que contrata com remuneração um jovem sem experiência? Tá facilzão falar depois de ter percorrido o caminho difícil de quem começa, mas enfim, que ela é uma escritora amarga eu já tinha me dado conta há um tempo, o triste é ver todo mundo compartilhando um texto que termina dizendo que sonhar depois dos 30 anos é coisa de herdeiro ou de gente sem talento. Seguindo a linha de raciocínio dela, rezo pra ser uma eterna sem talento e não perder a capacidade de sonhar e esperar coisas, seja depois dos 30, dos 50, dos 70 ou dos 90. Uma pena ver tanta gente aplaudindo meia dúzia de parágrafos transbordando hipocrisia, mas é isso que tem pra hoje, né? Que venha a terça-feira!